terça-feira, 5 de julho de 2011

Novas vias no CORGAS

Para além da nova via L’obsession du vent, intersecção da obsessão de escaladores e surfistas, apanhados no turbilhão de emoções dos quatro elementos, mar (água), rocha (terra) e vento (ar), damos também a notícia de outra abertura no Corgas. Trata-se da extensão e conexão da Popstar com a 2º Turno, obra de um dos "Sempre a rasgar pano!" e dos tais que une o Sagres Night-Shift com o turno diurno de pegues à morte: Leo o pescador e vincador implacável. A sua via é o “Peixe-porco” e promete consumir uns quantos sacos de magnésio até se deixar pescar/encadear sem cana.

(Para os que julgam que não sei contar até quatro, o fogo é o elemento íntrinseco, chama anímica do escalador, condição sine qua non, i.e, sem a qual ele não passa de um escalador morto-vivo, prosaicamente, rato de muro)

Funky Sagres

7.00h da manhã e uma leve brisa, quente, lestada que se sente ao sair do pinhal. Era, de resto, a previsão do Guru – mencionando o quadrante, aceleração e posterior giro a SE.

A chegada a Ponta Ruiva na luz da alvorada não desiludia e set-atrás-set, as linhas quebravam como se quer: rápidas, lisas, compridas, com bom período, sozinhas... perfeitas. Apressar a entrada que o ritmo das marés no seu jogo com os fundos é caprichoso. Concentração máxima a cada momento e duas horas e muitos picos mais tarde acabavam…o êxtase de sensações instantâneas, dando lugar ao bem-estar de sentir que assim tinha começado outro dia. O pequeno-almoço é pulverizado de histórias caneladas, daqueles que optaram pelo não menos intenso Sagres Night-shift.

Ok, cafeína a circular, toca a arrumar as mochilas para o tema Corgas; outros embarcam em brincadeiras menos dependentes dos elementos. Melhor deixar o carro no farol do Cabo de S.Vicente já que os larápios andam aí e não fazem ponte! Tal facto, leva-nos a caminhar mais do que o habitual e a melhor interiorizar a grandiosidade deste promontório; ter a equívoca perspectiva de quase estar a pisar num mapa de grande escala. Brutal!

Venga a rapelar – acesso comum para quase todos os sectores Vicentinos – sem garantia de boas condições nem base confortável.

- 'Bora que vai estar muita bom! – Pelo menos é o que a assertividade do escalador vs. sabedoria do Guru parecia indicar. Nice, mas não clássico! Ya, em Portugal justifica-se usar esta expressão para as condições dos sectores de escalada; como se de ondas se tratasse: está perfeito, aumenta ou muda o vento e no caso da rocha sabe-se lá mais o quê! Já foste, e começa a conversa: – …bla, bla, bla, já não dá… – É continuar a tentar, treinar que a sorte sorri aos audazes. Quando assim acontecer, vais estar onfire,hangover? Os dois, nenhum?

Sem stress, não são tudo dores de cabeça; Sagres dá para tudo e todos. Qualquer que seja a escolha há sérias possibilidades de se encontrar, ou, tropeçar com condições World-class! Tranquilo, o Corgas é igual, até há mais uma via acessível no limite sul da parede. L’obsession du Vent é uma escalada Coca-cola de protecções à distância de um pedido ao balcão do Dromedário. Não desmerece, no entanto, o carácter do estabelecimento em causa – tendo a mesma aproximação cautelar e técnicas de evasão exigentes. A saída continua a ser o aperto habitual:

- A conta por favor.

- 6b+.

- Man… estava todo f#$!$o, não via nada!


Enjoy yourself!


Carlos “cuca”Simes