quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Terra d'este

Aqui se confia mais um croqui duma via na Arrábida.

Depois de travar conhecimento com a Parede Branca em vias anteriores e já com os cantos dos olhos em busca ativa, se sonhou esta linha, ligando vários segmentos bem distintos. É de ir lá ver se vale a pena, já que tem ingredientes bastantes para preencher as ansias dos visitadores mais sibaritas. Pelo menos bastante para justificar uma inauguração em solitário e para que um 1º repetidor, vizinho das regiões de Terradets, troque um  dia para vir ver terra desta!

 [algumas imagens do dia da inauguração, em solitário, com temperaturas de 30º! Que é como quem diz que parecia mais a Arrábida Saudita. A ancoragem do dissipador, na 2ª reunião e pés doridos a 90 metros da praia fresquinha.]


   [Descanso na 3ª reunião]

 

Terra d'este, 130m, 7a+.

A via tem início uns 20 metros à direita da "Era Velha". Parte de um bloco assente no chão de terra, que foi onde se fez a amarração inicial para a ascensão inaugural, em "solitário". Transpõe as panças "da brita" em direção à única chapa do lance, atravessa pela dir. da chapa e segue em frente, por terreno fácil, algo expo, até à sequencia de buracos atractivos de proteger. Ganha o extraprumo pela sequência de buracos, e inicia travessia fisurada ascendente, à direita, uns 3 metros. Daqui, evitando os ressaltes terrosos à direita, sobe pela fissureta diagonal à esq., em extraprumo fácil de proteger, até à faixa cavada de erosão. Superar, com algo de expo(dre), a faixa de erosão, e, atravessar completamente para a esquerda, até ficar alinhado abaixo do pequeno tecto fissurado e à esquerda da fissura canal que lhe dá acesso. Reunião de pequena repisa de pés, com duas chapas m10. Esta R está, em linha reta, a 25 metros do chão (util saber em caso de ter de escapar da via). Este primeiro lance é composto de rocha que ainda solta muito material de sedimentação. A reunião pode não se encontrar no sítio mais imediatamente lógico, porém, está onde facilita a comunicação e a recepção do rapel vindo da R acima, em caso de necessidade. Mat.: vários aneis de fita mais de 4 seguramente, friends desde #C3 verde até #3, algum arame medio. Grau 6c de brita e toutvenant.

 [2ª repetição da via. L1, 6c. Mesmo com alguma escama revelou-se um lance de escalada em rocha a sério.]
[Chegada em travessia à R1 ]




L2 (uns 35m, 6c+) parte na imediata vertical da R1, pela fissura fina, em direção ao tecto. Prever bons prolongamentos de fita neste lance todo. Contornar com cuidado a bolacha entalada na fusão tecto-bavaresa seguinte. Seguir toda a lógica da longa fissura, julgando que se é o melhor escalador do mundo, (gasta de todos os tamanhos a partir do #0,5 a #4, quase ao final da fissura. Continuar o lance pela esquerda, pela fissura invertida de #3 ou #4, subir pela laje afiada, e daqui, protegendo com algum friend mediano nos buracos arredondados, entrar na zona de extra-prumo, subindo agora em travessia à direita, até à plaquete, na base do pequeno diedro extraprumado que finaliza, em grande, o lance. Muito útil o #5 no final desta passagem. Uma transição de saída do diedro pela esquerda, e chega-se ao nicho da R2.



 [A iniciar o formidável 2º lance]


 [vistas largas]



L3. Este lance é o de maior dificuldade, 7a+ (25m+-) ainda assim é facilmente superavel em A0, no caso de algum ensarilho. Subir pelo evidente diedro fissurado, "expanding", atenção que este bocado da via pode gastar vários tamanhos muito próximos (c3 verde/al. azul, c4 #0,3, #0,4), acabado o diedro transpor o muro e pança. Rumando às fissuras diagonais. aqui, tomar a fissura diagonal para a esq. que sobe até ao diedrilho-tecto, com proteção fixa (a unica do lance) naquela que é a transição mais exigente mas também estética. Acompanhar a tendência do tecto até ao seu final, pela direita e subir recto até ao varandim. inflectir em travessia para a direita, rumo ao melhor parapeito de reunião da Arrábida (2 chapas). Este lance gasta microfriends e friends até #3, opcional #4 tb cabe algum arame mediano a peq, + anéis.

 [Bavaresa larga no início do 3º lance]
 [O "cabide" da corda na 2ª reu.]
 [Algures a meio do 3º lance]


 [Içando o farnel... bem afastado da parede]

 

L4 é de muro vertical com transição de panças, alguma secção de extraprumo á medida que se aproxima do final. Sai da R. pela dir., protegendo, logo, mais um pouco à esq. E tomar o rumo do diedro inclinado. Transpor a pança de final do diedro (algum arame ultrafino) com tendencia à direita, agora rumo a um subtil diedro amarelado, abaixo da partre mais saliente da grande pança. Sair do diedro na faixa de rocha mediocre, pela esq. (arbusto), e abordar a pança seguinte (1 chapa). Seguir o sistema de pequenas fissuras, optando sempre pela melhor rocha, de tonalidade branca (afinal esta é a parede branca). 2ª chapa na zona mais compacta e branca, e a partir daqui subir um par de metros, e logo, forte travessia à esquerda, evitando a tentação de se embrenhar no terreno mais arbustado e instável, chegamos ao parapeito confortável da R4 (sem chapas). Lance de 30-35 metros.Uns 5-6 anéis, friends até #2. 




[Algumas passagens da saída do 4º lance]

 

L5. Curto lance de12 metros, 6a, onde se dá a passagem da verticalidade para a placa tombada final. Subir pelo diedro da reunião, em direção à última chapa (visível desde a R). Dobrar a pança , e percorrer a placa, sempre pela rocha mais compacta e limpa (esq.) evitando, de todo, os canais de rocha instável e os arbustos que ensarilham cordas (dir.). Friends medios e pequenos. Abundantes possibilidades de montagem de R no cimo da via. O final desta via fica uns 6 metros acima do final da "Era Velha". Junto aos ramos secos e pálidos dum falecido arbusto mas ligeiramente abaixo do ponto mais Alto da Parede dos Alhos/ Parede Branca.

A inclinação da parede permite rebocar carga suspensa com facilidade com poucos pontos de roçamento ou travessia, para quem 
domina a técnica.
[4ª Reunião (friends e entalador, num cómodo parapeito]


acesso: desde a serventia do Fojo. Em vez de tomar o carreiro de acesso às vias do Fojo, continua-se a descer o estradão até chegar a uma bifurcação deste caminho com um carreiro estreito mas bem definido, entre os arbustos frondosos, à esquerda.
Para referencia de orientação, iremos passar sempre à direita da arredondada colina do Fojo.
Seguir este carreiro até um cruzamento, continuando ainda em frente, agora em ligeira subida, até quase ao final do caminho que servia antigas extrações de pedra. Descer atravessando os depósitos de escórias destas pedreiras, até ao carreiro de pescadores descendente, que em vários e criativos lacetes, nos vai aproximando da base da parede.



[A cordada, numa das reuniões mais espetaculares da Arrábida]

Croquete: 



FP






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